O que era pra ser só um sucesso absoluto se transformou em dor de cabeça. Em uma entrevista recente, Dan Houser, cofundador da Rockstar Games, revelou que o sucesso de GTA foi tão estrondoso que atraiu uma atenção indesejada — e pesada: a do governo dos Estados Unidos.
Segundo Houser, ao invés de celebrar a inovação dos games, as autoridades decidiram transformar a Rockstar em bode expiatório. O motivo? Um jogo polêmico, um minigame escondido… e a velha mania americana de caçar culpados na mídia.
Dan Houser GTA governo dos EUA: o que ele disse na entrevista?
Durante sua participação no programa The Chris Evans Breakfast Show, da Virgin Radio, Dan Houser não poupou palavras ao relembrar os bastidores da pressão que sofreu no auge do sucesso de Grand Theft Auto.
Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam, o sucesso da franquia não facilitou nada — pelo contrário:
“Eles decidiram que éramos os únicos na internet vendendo pornografia, o que era ridículo. E quase nos fecharam.”
O governo dos EUA, segundo Houser, mirou nos videogames por serem um alvo mais conveniente do que outros setores da mídia como Hollywood ou a indústria do rap, que tinham proteção política ou implicações raciais.
O escândalo Hot Coffee e a grande virada contra a Rockstar
Quem viveu a era do GTA San Andreas provavelmente lembra do caos que foi o escândalo do minigame Hot Coffee. Mesmo inacessível no gameplay padrão, o conteúdo permaneceu nos arquivos do jogo — e quando foi descoberto, o estrago foi grande.
O resultado?
- Classificação do jogo alterada de “Mature” para “Adults Only”
- Jogo retirado de circulação nos EUA
- Multa milionária e recall forçado
- Imagem pública da Rockstar manchada
Tudo isso contribuiu para a narrativa revelada agora por Dan Houser: o sucesso de GTA virou munição para ataques políticos e regulatórios, num momento em que os games estavam se firmando como cultura dominante.
Por que o governo escolheu os games como vilão?
De acordo com Dan Houser, GTA era o alvo perfeito para o discurso moralista da época. Com temas adultos, liberdade de ação e violência escancarada, a franquia se tornou símbolo de tudo que os conservadores queriam combater.
Segundo ele:
“Eles queriam um bode expiatório fácil para a mídia. Não podiam ir atrás de Hollywood ou do rap. Então foram atrás dos videogames.”
Essa fala reforça o papel que GTA teve não apenas como jogo, mas como ícone cultural — e, por isso mesmo, alvo de julgamento público.
O caso ainda levanta reflexões atuais sobre como governos lidam com novas formas de mídia que desafiam o status quo.
Dan Houser, GTA e o impacto dessa perseguição no estúdio
As consequências não foram apenas financeiras. Dan Houser contou que, após o escândalo e a pressão do governo, alguns membros da equipe da Rockstar pediram demissão. O clima dentro do estúdio ficou tenso, e a liberdade criativa que sempre foi a alma da empresa ficou ameaçada.
E o mais curioso? Houser comenta que, mesmo tendo enfrentado tudo isso, o estúdio nunca deixou de criar com ousadia — e talvez seja por isso que GTA 6 é hoje um dos jogos mais esperados de todos os tempos.
Ou seja, mesmo com o peso da perseguição, a Rockstar sobreviveu. E evoluiu.
GTA mudou a história dos games — e também a do governo
A fala de Dan Houser sobre GTA e o governo dos EUA não é só um desabafo nostálgico. É um lembrete poderoso de como o sucesso pode incomodar. E de como os games não são apenas entretenimento, mas também política, cultura e reflexo da sociedade.
GTA não foi perseguido só por ser polêmico — mas por ser ousado demais, real demais e livre demais num tempo em que a mídia interativa ainda assustava os poderosos.





