Você já se perguntou por que uma franquia com tanto tempo de estrada como Super Sentai de repente para tudo? Pois é, a notícia pegou muitos fãs de surpresa. Após meio século de aventuras coloridas, robôs gigantes e vilões extravagantes, a Toei anunciou que a saga vai tirar um longo descanso. E não é uma pausa qualquer — estamos falando de um hiato de pelo menos 10 anos!
Mas afinal, o que motivou essa decisão tão ousada? Em entrevista ao jornal japonês Asahi Shimbun, Shinichiro Shirakura, diretor executivo sênior da Toei, abriu o jogo. E as razões vão muito além do que a gente imagina.
Streaming e heróis americanos: os novos rivais dos Sentai
Logo de cara, Shirakura apontou dois “vilões” nessa história. O primeiro? O avanço das plataformas de streaming, principalmente após a pandemia. Hoje, qualquer pessoa tem acesso a um mar de conteúdo — incluindo temporadas antigas da própria franquia. Isso criou um problema curioso: quem tenta começar a assistir Super Sentai se vê perdido, sem saber por onde começar. Afinal, cada temporada é praticamente um universo novo, sem conexão direta com as anteriores.
O segundo fator foi a ascensão dos heróis americanos no Japão, como os icônicos Vingadores. E não é só questão de popularidade, mas de construção narrativa. A Marvel trabalha com personagens que evoluem dentro de um mesmo universo — já os Sentai, reiniciam a trama a cada nova equipe. Resultado? Fica difícil para o público criar um laço mais profundo com os personagens.
Curiosamente, a versão americana da franquia, os Power Rangers, entendeu esse desafio e passou a integrar melhor suas tramas ao longo dos anos, inclusive com a ajuda dos quadrinhos.
Quando o conhecido vira comum demais
Outro ponto interessante que o executivo comentou foi o “efeito banalidade”. Segundo ele, Super Sentai se tornou algo tão presente no imaginário japonês, que as pessoas deixaram de ver como algo especial. Sabe quando todo mundo conhece, mas quase ninguém acompanha de verdade? É esse o cenário atual.
Com episódios semanais e histórias independentes a cada ano, muitos deixaram de acompanhar a saga com regularidade. E vamos combinar: num mundo onde tudo compete pela nossa atenção, ficar parado no tempo é praticamente desaparecer.
A pausa já era cogitada desde os anos 90
Se você acha que essa decisão foi repentina, saiba que a equipe criativa da Toei já cogitava o fim da franquia desde 1992. Na época, para evitar o cancelamento, decidiram inovar: foi em Zyuranger que surgiu o primeiro “sexto integrante” — um verdadeiro divisor de águas que ajudou a revitalizar o conceito da série.
E como se não bastasse, foi essa mesma temporada que inspirou o nascimento dos Mighty Morphin Power Rangers, considerados por Shirakura como “uma intervenção divina”. Esse acaso fez com que a franquia ganhasse mais três décadas de fôlego.
O que vem por aí: Project R.E.D. e Gavan Infinity

Mas calma, nem tudo está perdido! A Toei não pretende abandonar os fãs órfãos de robôs gigantes e poses sincronizadas. Pelo contrário: a empresa deu o pontapé inicial no chamado Project R.E.D., uma nova iniciativa para repensar o universo dos heróis japoneses. E o primeiro fruto dessa reformulação será Gavan Infinity, que promete resgatar o legado dos heróis metálicos com uma abordagem mais moderna.
A ideia é simples: pausar para respirar, reformular e voltar ainda mais forte. Será que os novos tempos vão permitir uma nova era para o gênero?
Conclusão: às vezes, parar também é evoluir
O que ficou claro com essa entrevista é que a Toei não está desistindo da franquia Super Sentai, mas sim dando um passo para trás — com a esperança de dar dois à frente no futuro.
Num mercado cada vez mais competitivo e conectado, onde narrativas interligadas cativam o público por anos, talvez essa pausa seja justamente o que os Sentai precisam para se reinventar. E quem sabe, quando voltarem, a gente esteja aqui de novo, prontos para torcer por uma nova geração de heróis.






